sábado, 12 de março de 2016

                                 Cardápio de Absurdos


Não dá pra não falar do cotidiano de enganos
e do cardápio de absurdos que puseram em nossa mesa.
Não dá pra ignorar o véu de hipocrisia que paira no planalto e nas planilhas!
Não dá pra ser pra sempre um cabaré de desatinos, de maquiagem tão barata
e perfumes de mau gosto, ópera bufa, concerto de ladrões ...
Não dá pra ficar de plateia no sofá enquanto  o país é drenado à luz do dia!
E eu não falo de Fla x Flu. Não canto mantras de oração.
Acho certo que se apure, que se escavem as profundezas,
os dutos da engrenagem, as ante-salas do poder.
O país inteiro quer saber o que há no labirinto dos acertos,
Só não quero ser roubado por quem esteja no comando da nação.nas linhas de crédito que levam pra longe o nosso dinheiro.
São tantos os sorrisos companheiros!
Não queremos mais assistir a tudo isso!
Queremos um país que seja limpo, como uma frase cristalina,
em que as palavras se juntam em completo bem estar.
É assim que quero o meu país.
O meu país solar, com a lei maior alcançando toda a nação,
dando norte e sentido ao espetáculo da vida,
que pra ser boa, tem que ser nossa, tem que ser justa!  

Marcelo Ottoni

13/03/2016

domingo, 16 de março de 2014

C Ó D I G O DE B A R R A S


Não gosto de mensagens que ofereçam
soluções de prateleira 
para consumo imediato de nossas aflições.
Dramas não são abatidos a tiro
e dores não se dissolvem
no ácido de prescrições de manual.
Não reconheço cartilhas
que se apresentam como bula de remédios
pra cuidar de todo mal.
São tantos os conselhos de aparência jovial!
Frases que dissecam
e de perto nunca dizem a vida inteira.
Sonhos não precisam de chancela
e linhas digitáveis não são leitoras de almas sofridas.
Não há código de barras que decifre a imensidão do ser humano.

Marcelo Ottoni C Menezes
15/03/14
publicado em marceloottonicmenezes.blogspot.com.br

domingo, 3 de novembro de 2013

FURACÃO

                                                         

                                            

   
                                               Como posso dormir às 5 da manhã
                                               se a guitarra de Robert Cray
                                               e o tornado de Denise Stoklos
                                               ainda reverberam
                                               e ditam a pulsação?
                                               Como posso dar o passo
                                               se um incêndio
                                               acontece adiante,
                                               se é Denise
                                               soltando as amarras do ser,
                                               dignificando o dia da gente
                                               e desfigurando
                                               as dóceis máscaras cotidianas?
                                               Quase de manhã,
                                               encantado com o teatro essencial
                                               não-perecível de Denise,
                                               agradeço, respiro fundo
                                               e durmo fácil com as estrelas!

  
                                               à Denise Stoklos  
     
                                               09.04.96                     

domingo, 20 de janeiro de 2013

TRIBUNA LIVRE

Enganam-se aqueles que se outorgam o poder imperial de decidir
se minhas palavras estão adequadamente trajadas
para serem consideradas poesia.
Enganam-se os gurus de todas as espécies,
senhores feudais de frases alheias.
Escutem o som de meus ais.
Não são compreensíveis.
São apenas viscerais.
Não reconheço a legitimidade de seus tribunais.
Não referendo sentenças de morte, decretos da corte e outros punhais.

Marcelo Ottoni
20/01/2013

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

BBB


Eu entendo que o BBB vai sempre ser objeto de críticas
por  mostrar um monte de defeitos humanos,
como a inveja, a cobiça desmedida, o narcisismo levado a último grau,
o interesse conjugado com esperteza buscando vitórias pessoais,
a falta de conteúdo nas conversas da casa (poesia, nem pensar),
mas o que me incomoda mesmo é saber que o cenário descrito acima,
muitas vezes se parece com a paisagem de nosso cotidiano
e que a fragilidade de todos nós fica evidente quando nos olhamos no espelho
e a imagem que nos alcança é a de alguém que busca pequenas vitórias,
que vai atrás da felicidade que for possível e que das pessoas espera
que o amor chegue em brasas e que nunca mais nos deixe sozinhos.
Então quando penso o quanto somos falíveis,
o quanto que deixamos a doçura escapar de nossas mãos...
Quando penso na brevidade dos encontros,
eu abro mão de criticar um programa de tv,
que em primeira instância é pensado, dirigido e produzido
por pessoas que também se emocionam, que comemoram datas,
que levam sonhos na bagagem, igualzinho a todo mundo.
O que acontece na casa faz parte da vida também.
Não tenho a pretensão de ser melhor do que ninguém.

 Marcelo Ottoni Cardoso de Menezes

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O FUTURO QUE EU NÃO SEI


Se eu soubesse os nutrientes
que o seu olhar hospeda; espera, é surpresa.
Quer mesmo saber onde vai dar essa trilha?
Esse mato com cachorro e sobressalto
por onde nos lançamos
com a avidez dos seres vivos.
Não sei nomear o que existe entre nós,
o que resiste nas dobras de um querer
que não se esgota, que precisa ser gratuito,
que às vezes nos dá susto,
mas que deixa nas manhãs
um frescor que nem te conto.
Ponto.
A frase que vem só a vida vai contar.




domingo, 4 de novembro de 2012

A FOME QUE LEVAMOS NO OLHAR

Escrever,
desligar o holofote dos dias.
Enamorar-se de seu vazio. 
Pra que serve o desvario
os devaneios,
a dança de uma história
que não freia?
Onde vai parar a flecha da existência,
e a fome que levamos no olhar?